Miguel Cruz é designer, creative coder e músico. Nasceu em 1992, em Lisboa, e vive actualmente em Sintra, mas foi em Coimbra que traçou o seu percurso académico e profissional. Fez a licenciatura e mestrado em Design + Multimédia, passando depois pelos estúdios de design Studio And Paul, Bürocratik e, presentemente, Onda Studio. A Revolução Digital da década de 90 e dos anos 2000, permitiu-lhe, simultaneamente, viver o crescimento exponencial da tecnologia e um pouco do mundo analógico, que ainda hoje exerce uma forte influência em todo o seu trabalho artístico. Canta e toca guitarra (tropeçando noutros instrumentos de vez em quando) desde os seus 15 anos e, sempre que possível, gosta de analisar a simbiose que pode existir entre música e design.
Para a newsletter da Nevoazul, Miguel Cruz apresenta-nos uma panóplia de referências, pontuadas por pequenas histórias pessoais, que retratam a plena pluralidade que encontramos nos diferentes recantos da web.
Passeios pela Internet, com Miguel Cruz
Living with OCD
OCD é um distúrbio mental que é capaz de consumir a vida de quem o desenvolveu. Escolhi este website porque, atualmente, convivo com este distúrbio, não pessoalmente, mas através de uma pessoa que me é muito próxima. Tudo o que eu achava que sabia, que fui absorvendo através de filmes, séries e livros, foi totalmente desconstruído por esta vivência. Se não fosse este meu contacto próximo, entraria também na categoria de pessoas que acham que sofrem deste distúrbio por gostarem de ver as coisas direitas, por verificarem várias vezes se desligaram o ferro ou por gostarem de ajustar o volume da TV utilizando apenas números pares. É muito mais complexo do que isso e este website ajuda a fomentar a empatia por pessoas com OCD ao fornecer conhecimento sobre esta doença, esclarecer o que se pode fazer em relação a ela e dar a conhecer histórias reais. Websites como este ajudam a combater o desconhecimento e, neste caso, a tornar o mundo um lugar melhor para pessoas com OCD.
Unfur
Quando era mais novo, vi um vídeo que me traumatizou e que, infelizmente, ainda se mantém vívido na minha mente. Mostrava pessoas a arrancarem a pele a animais ainda vivos para serem usadas para fazer roupa. Percebi nesse momento que isto é um problema real e, ainda hoje, muito presente na nossa sociedade. Não há ninguém melhor para combatê-lo do que pessoas inseridas na indústria responsável. Para o projecto “Unfur”, a International Anti-fur Coalition convidou quatro estudantes de design de moda a criar cinco peças virtuais à volta do conceito de pele animal, mas pensadas apenas para o meio digital. Todo o dinheiro angariado pela venda destes NFTs é utilizado para combater a utilização de pele animal na indústria da moda. Este projeto é um excelente exemplo de como a internet e a tecnologia podem ser utilizadas para dar a conhecer problemas reais e, ao mesmo tempo, angariar recursos para os combater.
Dark Ages of the Web
Desde cedo desenvolvi um fascínio por coisas antigas e, quando me tornei designer, esse fascínio intensificou-se consideravelmente. Grande parte do meu trabalho, principalmente como designer gráfico, sofreu uma grande influência de visuais, objetos e artefactos antigos. Agora, como designer digital, interesso-me também pelos primórdios da web, não só pela nostalgia de ter vivenciado uma boa parte do boom da internet, mas também para perceber a origem dos padrões que, ainda hoje, estão presentes na maioria dos websites. Um desses exemplos é a existência de uma página principal chamada “Home”. Tenho vários links guardados à volta deste tema, no entanto, escolhi este por ser um resumo interessante e interactivo do design da Web 1.0 e 2.0. Convido-vos ainda a prolongar este passeio pelos links listados nas referências deste website e ainda a assistirem a este vídeo, que é uma boa viagem pela web primitiva.
Estiveste a ler a terceira edição do Passeios pela Internet. As recomendações foram do Miguel Cruz que, gentilmente, aceitou o nosso convite para partilhar três websites que remetem para o conceito de empatia, conhecimento ou inclusão, os temas da Nevoazul 4. Voltaremos em breve para mais viagens virtuais em boa companhia.
Até já,
Inês 💫