Olá! Bem-vindo a mais uma edição da Internet num Telegrama, uma newsletter da Nevoazul sobre meios e mensagens. Esta é a nossa forma de partilharmos contigo aquilo que vamos descobrindo quando estamos online. Obrigada por subscreveres!
Nesta newsletter escrevemos sobre:
Uma nova rede social onde só há conteúdos uma vez por semana
Como o New York Times, contra todas as expectativas, está a prosperar
Um google docs para ajudar os artistas a sobreviver na Internet
…e muito mais!
Um dia normal na Internet | Jardins
A ideia de frequentar jardins na Internet não é nova, mas o conceito parece estar a ganhar um novo alento. Quanto mais desencantados estamos com as redes sociais, mais pensamos em jardins. Lembro-me bem de, há meia dúzia de anos atrás, estar a conversar com o Emanuel Madalena, que escreve a rubrica “Entre o meio e a mensagem” na Nevoazul, sobre o meu desânimo com os conteúdos que os algoritmos escolhiam para mim. Quando sugeri limitar a informação que consumia aos meus interesses, o Emanuel comentou que isso seria como “viver num quintal”. Isto foi antes de haver uma preocupação geral em diversificarmos os nossos feeds e darmos voz a pessoas que estão fora da nossa esfera de vivências.
Na altura, fiquei a pensar que estar fechada num quintal digital, onde a informação flui num círculo vicioso de amigos e conhecidos, não só seria aborrecido, mas limitador. Até que percebi que, para a Internet se aproximar do seu potencial de união e informação, precisamos de pensar nela como uma cidade - com os seus espaços públicos, entidades privadas e jardins particulares.
O jornalista Eli Pariser desenvolve essa ideia na perfeição no artigo “To Mend a Broken Internet, Create Online Parks”, que escreveu para a Wired. Ele defende que as redes sociais, como o Instagram e o Facebook, podem parecer um espaço público, mas que, na verdade, são apenas grandes jardins controlados por corporações.
“Public spaces are so generative precisely because we run into people we’d normally avoid, encounter events we’d never expect, and have to negotiate with other groups that have their own needs. The social connections that run-ins create, social scientists tell us, are critical in binding communities together across lines of difference. Building a healthy community requires the careful generation of this thick web of social ties. Rapid growth can quickly overwhelm and destroy it—as anyone who has lived in a gentrifying neighborhood knows.“
Criar estes espaços online envolve recursos financeiros, investigação e pessoas com capacidade para os moderarem e manterem de acordo com o bem-estar da comunidade que os irá frequentar, mas, para Eli Pariser, o ingrediente secreto é a imaginação. Só vamos conseguir criar um jardim público na esfera online quando a criatividade colectiva promover mais o sentido de comunidade, do que o crescimento compulsivo. Até lá, é cultivar pequenas hortas digitais e trocar ideias com vizinhos. Quem sabe se um parque municipal não começa por num jardim privado.
Duas semanas em três links
Estou a ambientar-me a uma rede social onde só vale a pena ir às segundas-feiras. Podemos partilhar o que nos vai na alma com amigos, ou até estranhos, mas só vamos saber o que é que eles andaram a fazer no primeiro dia da semana. Quase como um boletim informativo, a Nutshell é uma mistura entre uma rede social e uma newsletter.
Quem me chamou a atenção para esta aplicação foi a Bárbara, a nossa directora criativa, que assinou o artigo “Espaço branco, ecrã preto”, publicado na Nevoazul 3, sobre gratificações instantâneas e as suas implicações na criatividade.
The (not failing) New York Times
Durante décadas, os jornais fizeram uma fortuna a vender anúncios. O modelo de negócio era tão vantajoso que o magnata Rupert Murdoch chegou a descrever o seu jornal como um "rio de ouro". Com a chegada do online, os anunciantes deixaram-se deslumbrar pelas potencialidades do novo meio e o rio de Murdoch começou a secar.
Num dinâmico e informativo artigo escrito no blogue Mine Safety Disclosures, ficamos a conhecer como o New York Times, um jornal em circulação à mais de um século, conseguiu contrariar o seu declínio e tornar-se tão rentável como o Spotify ou a Netflix.
Sempre que leio a newsletter Naive Weekly acabo por me perder num (bom) vórtex de informação. Recentemente, ao clicar num artigo sugerido pelo Kristoffer, fui parar a uma entrevista com o Everest - alguém que sigo, quase religiosamente, no Twitter por partilhar jogos como este. Essa entrevista levou-me a um Google Docs, criado por ele, com dicas sobre como ser um artista na Internet.
Há uma conversa a acontecer nos comentários. Hoje vamos falar sobre:
As memórias que guardamos online
Junta-te à discussão e partilha connosco links, pensamentos, podcasts ou artigos que aches relevante sobre este tema. Queremos que esta simples caixa de comentários se transforme numa comunidade de pessoas curiosas sobre a forma como comunicamos. Também queremos ficar a conhecer quem está desse lado do ecrã :)
Até já!
Inês 🌿
Hello. Experimentei Nutshell mas n gostei e acho que nunca será adoptada pelas massas... e para mim uma rede social deve ter no min 100M daily active users para ser eficaz :) e tb ser descentralizada e open-source para poder ser sustentável :) abraços