Olá! Bem-vindo a mais uma edição da Internet num Telegrama, uma newsletter da Nevoazul sobre consumo de informação, meios e mensagens. A começar nesta edição, todos os meses vamos convidar um ilustrador português para partilhar uma imagem relacionada com o tema da newsletter.
Hoje escrevemos sobre o Instagram e damos a conhecer a artista, arquitecta e realizadora Mafalda Salgueiro. O seu trabalho aborda a pintura e o desenho digital de uma perspetiva antropológica, deixando-nos com vontade de compreender as pessoas e os rituais por ela retratados. O projeto Alento, do qual é co-fundadora, é um perfeito exemplo disso. A ilustração que inaugura esta nova fase da Internet num Telegrama faz parte da coleção “Anotações” - uma seleção de desenhos feitos no bloco de notas do telemóvel com pormenores da vida quotidiana. Ao familiarizar-me com as várias imagens que a Mafalda guardou através do desenho, não pude deixar de lhe perguntar, ainda há espontaneidade no Instagram? A resposta pode ser lida aqui.
Neste edição escrevemos sobre:
O movimento que quer tornar o Instagram mais casual
O livro de 1956 que adivinhou as interações sociais na era digital
O anarquismo contra a estética da perfeição
Ser espontâneo no Instagram
Há um movimento liderado pelas gerações mais novas que quer trazer a espontaneidade de volta ao Instagram. A hashtag da luta é #MakeInstagramCasualAgain e a revista Dazed descreve-o como “uma antítese à estética da cultura dos influencers”. Em substituição às fotografias encenadas e editadas ao detalhe, o movimento quer trazer mais naturalidade e realismo à plataforma.
Apesar de me identificar com a ideia, não consigo deixar de pensar nas suas contradições. Será que conseguimos ser espontâneos quando sabemos que estamos a publicar para uma audiência? Quanta da nossa naturalidade não se perde, quando processada para o formato digital? Não estaremos apenas a sinalizar casualidade, substituindo uma identidade construída sob a ótica da perfeição, por uma construída sob um ideal de espontaneidade?
Como tenho mais perguntas que respostas, decidi partilhar alguns artigos e um vídeo que me estão a ajudar a desenvolver uma opinião sobre o tema. Se quiseres adicionar algum link a esta lista, só precisas de responder a este email ou deixar um comentário. Considera esta newsletter o início de uma longa conversa sobre o que significa falar de identidade, autenticidade e representação quando o meio é o Instagram.
Lista de leituras:
Let's make instagram casual again? | Um ensaio videográfico de Amanda Maryanna sobre autenticidade fabricada e o regresso da estética descomprometida no Instagram.
Instagram casual posting is the antithesis to aesthetic influencer culture | E se o Instagram voltasse a ser um espelho dos dias comuns? Um artigo da revista Dazed sobre como a Geração Z não se identifica com a estética da perfeição.
TikTok is teaching Gen Z what it really means to be the main character | Romantizar a vida no TikTok é imaginar que estás num filme, e que a personagem principal és tu.
We Are All Khloé Kardashian | Quando participamos, perpetuamos.
Presentation of selfie: a modern understanding of Goffman’s self on Instagram | Em 1956, Erving Goffman publicava o livro "The Presentation of Self in Everyday Life". Nele, o sociólogo compara as interações sociais entre humanos a uma peça de teatro em que os comportamentos são moldados consoante as pessoas com quem interagimos e o ambiente em que nos encontramos. Nesta dissertação, Olivia Orth aplica o conceito ao Instagram.
Envia-nos um telegrama!
O que devemos ler sobre o tema desta newsletter? Junta-te à discussão e usa a caixa de comentários para partilhares links, pensamentos, podcasts ou artigos que aches relevante sobre este tema :)
Até já!
Inês 🌿