Os links no Instagram assumem uma identidade tímida. Estão presentes apenas nas bios de cada um, exceto se fizermos parte do 1% da plataforma - os merecedores de links nas stories. Em qualquer dos cenários, cliques para diferentes recantos da web não são bem-vindos no Instagram. Quando o propósito é centrar a atenção num circuito fechado, cada link passa a ser uma ameaça.
Discretamente, o Instagram está a fazer-nos acreditar que aquilo que consumimos fora da sua aplicação não tem valor. Ao limitarem a partilha de links, estão também a limitar a exposição dos seus utilizadores à vastidão da web. E aquilo que era suposto ser um mundo, passa a ser só um jardim.
Acredito que estar online em 2020 pode ser mais do que ver as horas passar numa app que parece uma rua sem saída. Existem truques para desafiar o algoritmo e tornar o Instagram mais curioso e desafiante - como partilhar a password da conta com amigos e deixá-los seguir pessoas à sua escolha. Mas se te quiseres perder verdadeiramente na Internet, como recomenda a newsletter Naive Weekly, tens de sair das estradas principais e começar a desbravar caminho.
💾 Nostalgia
“Hoje toda a gente sabe qual é o som de uns auscultarores. Mas na altura, não podias nem imaginar e, de repente, a 5ª Sinfonia do Beethoven está a tocar entre as tuas orelhas.” - Yasuo Kuroki
Em 1979, num silencioso Japão, surgia uma nova forma de experimentar a realidade. A invenção apelava à individualidade e era antídoto para tempos mortos. William Gibson, o pioneiro do cyberpunk, escreveu que esse novo gadget tinha feito mais pela mudança da percepção humana, do que qualquer dispositivo de realidade virtual. O musicólogo Shuhei Hosokawa chamou-lhe “the Walkman effect.”
Para celebrar os 40 anos do Walkman, o jornalista Matt Alt revisitou a história da emblemática invenção da Sony para o The New York Times. Entre a nostalgia das cassetes e o ideal de distanciamento social, este foi um dos artigos que mais gostei de ler esta semana.
“The Walkman débuted in Japan to near silence. But word quickly spread among the youth of Tokyo about a strange new device that let you carry a soundtrack out of your bedroom, onto commuter trains, and into city streets.“
💻 Tempo presente
“Não podemos resolver os problemas com o mesmo pensamento que usámos quando os criámos.” - Albert Einstein
Tenho andado a ler bastante sobre o conceito de Design Thinking e a importância de criarmos ligações entre vários pensamentos. Pelo caminho, cruzei-me com o Kinopio, uma criação do co-fundador do Glitch, para quem procura organizar e compreender ideias, pensamentos e sentimentos. Gostei particularmente do exemplo que usou no seu site pessoal sobre a interpretação de sonhos. Também há um esquema sobre como a maioria das estruturas corporativas se baseiam na estratégia militar do Império Romano. Um tema que devia estar no passado, mas que continua aqui, no tempo presente.
🔍 Ventos futuros
“Pensamos no nosso futuro como memórias antecipadas” - Daniel Kahneman
O livro Range, do autor David Epstein, é uma ode aos generalistas e à forma como triunfam num mundo cada vez mais especializado. Para o autor, a transversalidade do conhecimento ajuda-nos a adaptar mais facilmente a novas realidades. Em vez de ficarmos presos a um pensamento, profissão ou técnica, David Epstein desafia-nos a seguir caminhos mais aleatórios, mas também mais estimulantes. Em futuros incertos, as mentes querem-se ágeis.
Continuando a minha obsessão com métodos para tirar notas, a pergunta do dia é:
🤔 “Onde guardas os teus apontamentos e pensamentos?”
Fico à espera da tua resposta nos comentários! Vamos fazer desta newsletter um espaço de partilha, onde podemos trocar ideias, sugestões e recomendações.
Até já!
Inês 🌿
Caderno, computador (pages/word), apple calendar! Adorei esta news <3
Na app das Notes. É onde organizo tudo atualmente, com a vantagem de poder usar no portátil como no telefone.